
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, mostrou mais uma vez sua determinação na briga contra a inflação, reduzindo as chances de um corte na Selic em 2023, apesar das contínuas críticas do presidente Lula com os juros a 13,75%. O comitê destacou os riscos fiscais que podem impactar a inflação, elevando os “prêmios nos preços de ativos”.
“A revisão do arcabouço fiscal diminui a visibilidade sobre as contas públicas para os próximos anos e introduz prêmios nos preços de ativos e impacta as expectativas de inflação”, mostrou a ata da última reunião do Copom nesta terça-feira (7). “O Copom seguirá acompanhando seus impactos [dos estímulos fiscais] sobre atividade e inflação e reforça que, em ambiente de hiato do produto reduzido, os impactos sobre a inflação tendem a se sobrepor aos impactos almejados sobre a atividade.”
O documento enfatizou que a taxa Selic deve se manter por mais tempo do que o esperado: “O Comitê reforçou que é necessário manter a vigilância, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por um período mais prolongado do que no cenário de referência será capaz de assegurar a convergência da inflação”.
De acordo com a última divulgação do relatório Focus, também do BC, a expectativa é que a taxa finalizará o ano em 12,50%. Isso indica que os economistas acreditam que a autarquia iniciará seu processo de corte de juros já neste ano.
O pacote fiscal anunciado pelo ministério da Fazenda recebeu elogio por parte dos membros do Copom, reconhecendo que pode ter impacto positivo sobre os preços ao consumidor.
“O Comitê manteve sua governança usual de incorporar as políticas já aprovadas em lei, mas reconhece que a execução de tal pacote atenuaria os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação”, afirmou a ata do Copom.