
Confúcio sabiamente afirmava que a melhor ocasião para plantar uma árvore era vinte anos atrás. O segundo melhor momento seria agora. Afinal, para que a árvore dê frutos e se torne uma fonte de sombra é necessário tempo. Também é importante relembrar o ensinamento cristão de que uma árvore que não produza frutos ou o resultado esperado para pouco serve e deveria ser até mesmo eliminada.
O fato é que, ao aliarmos estes dois princípios à situação do Mercosul – o Mercado Comum do Sul – criado em 26 de março de 1991, os resultados pífios deveriam incentivar uma profunda reavaliação sobre a sua efetividade, necessidade e viabilidade. Estas três palavras são essenciais para determinar o futuro desse acordo e determinar se vale a pena insistir na sua perenidade.
Mercosul e seus resultados positivos
O fato é que, inicialmente, o Mercosul teve resultados positivos. No setor automotivo, em particular, apresentou bons resultados iniciais. Também ampliou o relacionamento bilateral entre Brasil e Argentina que, na década de 1970, em razão das ditaduras militares existentes nos dois países, incursionaram numa corrida armamentista que poderia criar situações belicosas numa das regiões mais pacíficas do mundo. Ao buscar integrar os dois gigantes sul-americanos, o comércio foi o instrumento efetivo para assegurar uma cooperação pacífica entre os países.
Também se tentou reproduzir, de modo capenga, um pouco do modelo da União Europeia, sem criarem-se instituições supranacionais efetivas, promover a livre movimentação de pessoas ou até mesmo reduzir substancialmente as barreiras tarifárias e não-tarifárias ainda existentes. A inclusão – depois suspensa – da Venezuela ao bloco em 2012 em adição ao Paraguai e Uruguai, foi uma questão política daninha ao desconsiderar a questão democrática como um elemento essencial para pertencer ao Mercosul.
Discursões sobre uma moeda comum
O fato é que, passados quase 32 anos do acordo, revisá-lo é uma questão fundamental para confirmar a sua efetividade, necessidade e viabilidade. A discussão sobre uma moeda comum – embora interessante – não é o elemento mais importante da continuidade do acordo.
O que importa, na realidade, é o quanto de comércio tem sido criado a partir do mercado comum e o quanto o Mercosul tem incentivado os países do bloco a se tornarem competitivos globalmente. Analisados estes dois aspectos, fica fácil compreender a razão por que o Uruguai, por exemplo, tem buscado independência do bloco ao tentar assegurar um acordo de livre comércio com a China, que também é o maior parceiro econômico do Brasil, Paraguai e Uruguai. Esta iniciativa uruguaia evidencia a deterioração do bloco quanto à entrega de resultados positivos.
O fato é que o bloco precisa dar um passo atrás para avançar. É preciso convertê-lo numa área de livre comércio para que os países tenham a independência necessária para, independentemente, negociarem acordos comerciais que lhes sejam mais vantajosos.
O Mercosul já chegou ao limite de seu potencial e não dá sinais de que pouco poderá oferecer aos seus membros em matéria de melhoria no desenvolvimento econômico. A árvore já deu seus frutos e secou. É hora de plantar uma nova árvore, aproveitando as lições aprendidas para que os resultados sejam efetivos.