
Nas últimas semanas, a Americanas (AMER3) foi destaque do mercado por ter anunciado um rombo bilionário devido a inconsistências contábeis e por isso a empresa acabou protagonizando uma das maiores recuperações judiciais da história do mercado Brasileiro. Em suma, os investidores ainda estão vendo o desenrolar dessa história novelesca que pode ter desdobramentos sérios para outras companhias também, como é o caso da Ambev (ABEV3).
Isso porque, a companhia gigantesca de bebidas também está sob o guarda-chuva do trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, sócios da 3G Capital, assim como a Americanas e de acordo com a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), que representa produtores menores do que a Ambev, a companhia líder de seu setor estaria com um rombo bilionário devido a impostos federais, estaduais e municipais. Em síntese, um estudo contratado pela CervBrasil aponta um rombo estimado em 30 bilhões de reais em manobras tributárias feitas por empresas de bebidas.
A associação acusa a Ambev de inflacionamento do preço de componentes necessários à produção do refrigerante e que são passíveis de isenção e geração de créditos fiscais na Zona Franca de Manaus. Assim, a empresa acumula, irregularmente, mais créditos tributários do que teria direito, desfalcando o erário e lucrando mais. O estudo foi realizado pela consultoria AC Lacerda.
O diretor-geral da CervBrasil, Paulo Petroni, afirma que, pelo menos desde 2017, relatórios de fiscalização da Receita Federal apontam “bilhões e bilhões de ilícitos tributários cometidos pelos fabricantes de concentrados de refrigerantes na Zona Franca de Manaus”. Os balanços da Ambev, no entanto, não registram essa quantia que é cobrada pela Receita Federal.
O estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, comentou durante sua participação no BM&C News, que na próxima divulgação de balanço, prevista para 2 de março, a companhia terá que se explicar.
Cruz destacou que, a dívida tributária há alguns anos, tem um precedente muito ruim do que é feito pelos governos com as empresas. “Infelizmente, o Brasil criou esse contexto de incentivar pessoas a não pagar direitos ao tributos, porque recorrentemente vemos negociações tributárias”, afirmou.
Na visão do estrategista, é muito ruim para o Brasil acontecer algo semelhante ao que aconteceu com a Americanas, agora com a Ambev, tendo em vista que as duas compõem o grupo 3G.