
O sobe e desce da bolsa, dos juros e do dólar vem provocando bastante desconforto nos investidores nas últimas semanas. Influenciados por temores principalmente em relação à situação fiscal do país com o governo eleito, os ativos refletem as incertezas sobre como será a condução dos gastos públicos – principalmente após a apresentação da PEC da Transição, que coloca cerca de R$ 175 bilhões fora do teto de gastos.
“O mercado é pragmático, ele pouco se importa com ideologia política”, afirma Samuel Sampaio Chagas, Assessor de Investimentos e Sócio da 3A Investimentos, em entrevista à BMC News.
Segundo o especialista, independentemente da posição política do governo petista, o que interessa para os investidores é como serão administrados os gastos públicos e se haverá uma ancoragem fiscal efetiva.
“O desafio vai ser colocar na cabeça desse governo que responsabilidade fiscal e social andam algemadas. Não tem como tratar as duas coisas de forma separada”, afirma Chagas.
O assessor de investimentos lembra que durante o governo de Dilma Rousseff, a questão fiscal foi negligenciada, provocando uma série de consequências para o país. As famosas “pedaladas fiscais” da petista foram, inclusive, usadas barra embasar o seu pedido de empichmeant. “O fiscal quase nos levou para o abismo em 2015”, lembra.
Agora o país tem a possibilidade de tomar outro rumo, desde que seja feita “a lição de casa”.“É preciso que a arrecadação e os gastos sejam bem controlados. Se isso for feito de forma minimamente efetiva, temos uma situação de vento soprando na vela. É preciso empurrar a engrenagem só um pouco e ela estará pronta para andar sozinha”, acredita.
Para justificar seu otimismo em caso de acerto da política fiscal, Chagas aponta que o Brasil tem uma situação mais confortável do que outros países do mundo em relação ao controle da inflação e à crise energética.
“O Roberto Campos Neto (presidente do Banco Central) fez um bom trabalho. Na época em que os juros foram para 2% ao ano, muita gente criticou a postura do BC, mas rapidamente houve o início do aperto monetário para conter a inflação, levando o Brasil para o maior juro real do mundo”, afirma.
Em relação à crise de energia enfrentada por vários países, especialmente por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, o Brasil também passa “ileso”. “Estamos melhores posicionados em relação ao resto do mundo. Nossa abundância energética é enorme”, afirma.
Levando tudo isso em consideração, o especialista vê com bons olhos o futuro econômico do país, desde que os gastos públicos sejam realmente controlados.
“Se isso for feito, eu estou otimista em relação ao crescimento do Brasil, em relação a aumento de investimentos, geração de empregos, etc”, conclui.