
O Ibovespa sobe mais de 2% nesta sexta-feira (11) e recupera parte das perdas da véspera, quando caiu 3,4% após falas do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula discursou nesta quinta-feira (10) e questionou o teto de gastos, afirmando que o combate à miséria depende da ampliação das despesas públicas. A reação do mercado foi instantânea: O Ibovespa despencou, enquanto o dólar e as taxas de juros futuras tiveram forte elevação.
Pouco depois do discurso, ao ser informado sobre o impacto nos ativos financeiros, Lula disse que “O mercado fica nervoso à toa”. Mas será que isso é mesmo verdade?
Lula já foi presidente por dois mandatos e sabe o poder que declarações públicas têm sobre o mercado financeiro. O preço dos ativos antecipa movimentos e a expectativa do que pode acontecer sempre irá refletir no sobe e desce da bolsa, dos juros ou do câmbio.
“Preços como os juros de mercado, a moeda, e as ações negociadas em Bolsas de Valores têm um papel fundamental de sinalizar se a economia daquele país está no caminho de melhora ou de deterioração”, apontam os analistas da XP Investimento, em relatório.
Com as declarações de Lula, o mercado passou a acreditar que o novo governo não teria austeridade em relação às despesas públicas, algo que está no centro das atenções dos economistas.
“O discurso do presidente eleito remete ao passado de forte expansão dos gastos governamentais, possível eliminação do teto de gastos e questionamento da necessidade de equilíbrio fiscal no Brasil”, afirma a XP.
Como resultado, os ativos brasileiros começaram a reagir fortemente, como era de se esperar. “Os sinais de preço que indicavam um mercado ‘tranquilo’ tiveram uma forte guinada”, aponta a XP.
Mas por que a Bolsa está subindo hoje?
Nesta sexta-feira, o Ibovespa tem um respiro da queda da véspera. Alan Ghani, estrategista-chefe da Sarainvest, aponta que o índice sobe apoiado na alta das commodities. Além disso, o adiamento da apresentação da PEC da Transição para a próxima quarta-feira (16) deu algum alento aos investidores. A princípio, o texto seria apresentado hoje.
“O fato de terem deixado para a semana que vem pode ser uma sinalização de que haverá mudanças no texto e que talvez [o furo do teto de gastos para o Auxílio Brasil] não seja perpétuo. Talvez o mercado tenha visto isso com bons olhos”, afirma Ghani.