
Os analistas que já foram muito otimistas com as ações da Petrobras (PETR3;PETR4), hoje estão cada vez mais reticentes sobre o futuro da companhia com anseio de que as interferências podem prejudicar a geração de valor ao acionista, como de resultado de alguns fatores que já vimos em episódios passados.
Listamos os nove principais motivos:
1 – Menor dividendo projetado
De acordo com os analistas do Morgan Stanley, eles projetam um menor dividendo para 2023 em torno de 21,8% e 17,7% para 2024. Tudo isso pode mudar de acordo com as narrativas de intervenção e maior capex, reduzindo o retorno ao acionista.
2 – Revisões do capex
Na opinião dos analistas do UBS BB, embora haja uma certa visibilidade limitada para o capex em 2023, os comentários dos representantes do PT sugerem que os investimentos da estatal poderão aumentar substancialmente, não concentrando apenas em E&P (Exploração e Produção) onde geram maiores retornos aos acionistas. Caso esta agenda de dividendos mais pesado e potencialmente também em energias renováveis, os analistas devem incorporar além de menores retornos aos acionistas, se questionar sobre o retorno de tais projetos, dadas as falhas no passado junto aos esquemas de corrupção já divulgados.
3 – Alavancagem
De acordo com os analistas do BTG Pactual, caso a companhia tenha uma má gestão como se comprovou no antigo governo do PT, a Petrobras poderia apesar um cenário de alavancagem preocupante, considerando que no ano de 2015, a estatal foi considerada a empresa de óleo e gás mais endividada do mundo, com a sua alavancagem alcançando níveis de 5x Div. Líquida/EBITDA. Para ter uma ideia da alavancagem atual, a companhia apresentou este indicador em 0,75x no terceiro trimestre deste ano.
4 – Políticas de preços de combustíveis
Os investidores colocam uma grande preocupação no fato de que a Petrobras poderá sofrer uma interferência direta do governo para subsidiar os preços. Para que isso aconteça, os analistas do BTG Pactual acreditam que o novo governo do PT teria que alterar o estatuto da Petrobras, Lei das Estatais e a Lei das Sociedades por Ações. De acordo com o banco, hoje este não é o cenário base, mas também não é impossível, devido ao alto custo de capital político para a mudança, considerando a atual conjuntura do congresso que se opõe ao governo do PT.
5 – Posição de caixa
Apesar do menor saldo de caixa em 13 anos, com saldo de US$ 6,8 bilhões, o menor desde 2009, os analistas do Morgan Stanley dizem que o caixa atual ficou abaixo da faixa de conforto mínimo de US$ 8-10 bilhões e abaixo da estimativa do banco de US$ 11 bilhões. Com a disponibilidade em linhas de crédito rotativo de US$ 9,4 bilhões, os analistas enxergam que o atual saldo não seja uma grande preocupação no momento, mas um sinal de alerta no futuro.
6 – Mudança de CEO
Apesar das recentes notícias de indicações políticas para ocupar o cargo de CEO da Petrobras, sabemos que mudar o cargo e outros diretores é uma tarefa acessível, sem maiores problemas, considerando o governo como controlador da companhia, ele é responsável pela composição do Conselho de Administração. Claro que hoje existem diversos meios de defesa dentro da governança corporativa que garantem os pré-requisitos para ocupar o cargo de CEO, mas probabilidade de que o CEO e a maioria do conselho sejam indicados pelo governo é muito grande.
7 – Barrar o megadividendo
Nesta sexta-feira (4) a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Associação que representa os petroleiros acionistas minoritários da Petrobras, a Anapetro, apontaram que vão entrar com recurso na Justiça. O objetivo é tentar barrar a nova distribuição de dividendos que já foram aprovados. Dessa forma, o MP do TCU também pediu a suspensão do pagamento do dividendo. Além disso, também solicitou a análise sobre a medida em si, questionando que há risco de um prejuízo para as contas públicas.
8 – Blindagem a ser questionada
Com tudo que já colocamos em perspectiva a respeito dos mecanismos de proteções atuais, concluímos que não são garantias de interferências futuras. Para os analistas do BTG, esta preocupação é de tirar o sono do investidor. Com o novo governo sabendo que o ônus político relacionado aos altos preços dos combustíveis recai 100% sobre a sua responsabilidade. Então a fica a dúvida…Isto pode significar uma mudança drástica na companhia?
9 – O mecanismo
Episódios como a “Lava Jato” mostram que bilhões de reais acabaram desviados durante o governo do PT. Segundo o TCU, o cartel formado por 24 empresas desviou R$ 18 bilhões da Petrobras entre 2004 a 2012. Portanto, devido a isso, os analistas estão receosos sobre o futuro da estatal, caso os episódios de corrupção se repitam. Isso porque, novos escandalos podem destruir toda a geração de valor ao acionista da companhia, além do possível dano causado aos brasileiros.