A carga de energia elétrica no Brasil deverá crescer 2,0% em 2022, acima do 1,7% previsto em abril deste ano, sustentada por um desempenho da atividade econômica melhor que o esperado, segundo nova previsão do governo divulgada na noite de terça-feira.
Espera-se que o indicador atinja 70.948 megawatts (MW) médios neste ano, considerando um incremento de 1,9% do PIB, contra 0,6% estimado anteriormente.
“O resultado favorável do PIB no 1º trimestre e os estímulos econômicos governamentais vêm interferindo positivamente nos cenários”, disseram em nota conjunta Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Operador Nacional do Setor Elétrico (ONS) e Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que atualizaram as projeções.
De outro lado, as autoridades do setor elétrico citaram uma desaceleração econômica mundial abaixo da expectativa para este ano, reflexo da pressão inflacionária e problemas no fornecimento de insumos, em um quadro agravado pelo conflito Rússia-Ucrânia.
O indicador deverá desacelerar em relação ao ano passado, quando avançou 4,0%, impulsionado pela retomada econômica após os fortes impactos iniciais da pandemia de Covid-19 no país.
O aumento da carga no ano passado pressionou o sistema elétrico num momento em que o país enfrentava uma crise hídrica, que prejudicou a geração das usinas hidrelétricas, que respondem por cerca de 65% da matriz brasileira.
Já para o período 2022-2026, a previsão é de um crescimento médio anual da carga de 3,4%, atingindo 81.032 MW médios ao final do período.
“Para os anos seguintes, a expectativa é de um ambiente econômico mais estável, permitindo uma maior previsibilidade para os agentes e, consequentemente, um crescimento mais substancial da demanda interna e da atividade econômica”.
BALANÇO ESTRUTURAL
Mesmo com o aumento da previsão de carga, do lado da oferta de energia, o Brasil não deve ter problemas estruturais para atender suas necessidades de suprimento, apontou um relatório da consultoria PSR divulgado na terça-feira.
Pela análise da PSR, há um excesso de oferta estrutural de energia durante todo o horizonte de 2022-2026, de forma que não seria necessário contratar mais oferta para atender a carga, nem energia de reserva.
Com base em dados do ONS e da agência reguladora da Aneel, a consultoria aponta que há um volume considerável de nova capacidade instalada para entrar em operação nos próximos anos, embora os níveis de atraso dos projetos também venham se mostrando altos.
Dos 45,6 GW em nova capacidade planejada para entrar em operação entre 2022 e 2026, 62% corresponde a usinas com possibilidade de atraso, conforme fiscalização da Aneel.
Em 2022, a expectativa é de entrada de mais 8,4 GW em oferta para o sistema elétrico brasileiro. Mas, até junho, apenas 2,2 GW iniciaram atividades, de um total de 5,1 GW previstos até o mês.
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