A presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, que chegou a Taiwan nesta terça-feira (2), iniciou uma visita que Pequim tinha advertido contrariamente, dizendo que isso prejudicaria as relações sino-americanas. Nancy deixou o país nesta quarta-feira (3), deixando rastro de uma tensão que segue sem data para acabar.
Na chegada, a norte-americana deixou uma mensagem clara para a China, dizendo que o compromisso dos EUA com uma Taiwan democrática é mais importante do que nunca.
“A visita de nossa delegação do Congresso a Taiwan honra o compromisso inabalável dos Estados Unidos em apoiar a vibrante democracia de Taiwan”, disse Pelosi em comunicado logo após o desembarque. “A solidariedade da América com os 23 milhões de habitantes de Taiwan é mais importante hoje do que nunca, pois o mundo enfrenta uma escolha entre autocracia e democracia.”
Pelosi está em uma viagem pela Ásia que inclui visitas anunciadas a Cingapura, Malásia, Coréia do Sul e Japão.
A China reivindica a autogovernada Taiwan como sua, e um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores disse no início desta semana que qualquer visita de Pelosi seria “uma interferência grosseira nos assuntos internos da China” e alertou que “o Exército de Libertação do Povo Chinês nunca ficará de braços cruzados”.
O avião havia deixado a capital malaia de Kuala Lumpur às 04h42, no horário de Brasília, e voou para o leste em uma rota que contornava o Mar da China Meridional.
Fontes haviam indicado que Pelosi era esperada hoje na capital taiwanesa de Taipé.
A presidente da Câmara chegou a Singapura na última segunda-feira (1º) para a primeira parada oficial da turnê pela Ásia, onde se encontrou com o presidente do país, o primeiro-ministro e outros altos funcionários.
Nesta terça-feira (2), a mídia estatal da Malásia, Bernama, confirmou que Pelosi e uma delegação do Congresso estava no país para se encontrar com o primeiro-ministro e o presidente do parlamento.
O itinerário da delegação ainda deve incluir escalas na Coreia do Sul e no Japão, mas nenhuma menção foi feita a uma visita a Taiwan oficialmente.
A autoridade dos EUA acrescentou que funcionários do Departamento de Defesa estão trabalhando 24 horas por dia para monitorar qualquer movimento chinês na região e garantir um plano para mantê-la segura.
Durante um briefing regular do Ministério das Relações Exteriores, a China alertou contra o “grave impacto político” da visita planejada de Pelosi à ilha autônoma que a China reivindica como parte de seu território e reiterou que seus militares “não ficarão de braços cruzados” se Pequim sente que sua “soberania e integridade territorial” está sendo ameaçada.
OPERAÇÃO MILITAR
Os militares chineses foram colocados em alerta máximo e lançarão “operações militares direcionadas” em resposta à visita de Nancy Pelosi, afirmou o Ministério da Defesa da China nesta terça-feira.
Separadamente, o Comando de Teatro Oriental do Exército de Libertação Popular chinês disse que realizará operações militares conjuntas perto de Taiwan a partir da noite de terça-feira e testará o lançamento de mísseis convencionais no mar a leste de Taiwan.
REUNIÕES DE QUARTA-FEIRA
A maioria das reuniões planejadas de Pelosi, inclusive com a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, estava marcada para quarta-feira, disse uma pessoa familiarizada com seu itinerário.
Quatro fontes disseram que Pelosi deve se encontrar com um grupo de ativistas que falam abertamente sobre o histórico de direitos humanos da China na tarde de quarta-feira.
Mais cedo nesta terça-feira, Pelosi visitou a Malásia, tendo começado sua turnê pela Ásia em Cingapura na segunda-feira. Seu gabinete afirmou que ela também irá para Coreia do Sul e Japão, mas não mencionou uma visita a Taiwan.
O Ministério das Relações Exteriores de Taiwan disse que não tinha comentários sobre os planos de viagem de Pelosi.
O Ministério das Relações Exteriores da China reiterou sua oposição a uma visita de Pelosi a Taiwan.
SAÍDA DO PAÍS
Nancy Pelosi terminou sua visita a ilha de Taiwan na manhã desta quarta-feira (03), porém, sua visita de menos de 24 horas, acirrou as tensões entre as maiores potências do mundo.
Pequim anunciou sanções à ilha, como a suspensão de importações de itens como frutas e produtos de pesca da ilha autônoma, além de paralisar as exportações de areia natural para Taiwan.
Em resposta das medidas feitas pela China, o governo de Taiwan afirmou que a China faz um bloqueio aeronaval não-oficial ao planejar exercícios militares em torno da ilha.
*Com informações da Agência Reuters
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