O Corporate Venture Capital se tornou uma opção relevante para as empresas que buscam trazer a inovação das startups para dentro do seu negócio. Nessa busca, muitas empresas se perdem no caminho, por não possuir a expertise necessária para analisar as startups ou por não ter o número de opções necessárias para encontrar startups compatíveis com suas demandas.
A dificuldade de ter sucesso com um programa de CVC interno também é resultado da busca de realizar todo o processo de forma independente, o que acaba aumentando os custos – com equipes de análise, integração de inovação e, por fim, investimentos mal direcionados.
Investir em inovação é, sim, uma opção para empresas de diferentes portes. O que muda é a dedicação de recursos, opções de integração e caminhos que podem ser percorridos: enquanto uma gigante tem o privilégio de poder errar muitas vezes em suas apostas de inovação – embora não seja eficiente –, as empresas menores precisam pensar de forma estratégica para trazer inovação sem comprometer o negócio principal.
Para todos
Para o CVC se adequar a mais empresas, podendo beneficiar uma parcela maior dos negócios brasileiros, é preciso entender quais os caminhos possíveis dentro de um programa do tipo. Por falta de conhecimento ou por buscar os caminhos mais midiáticos, as empresas acabam procurando o CVC para investir em startups ou para adquiri-las.
Mas uma boa parte da construção da inovação no Corporate Venture é causada pela proximidade entre os negócios, que pode ser atingida com investimentos e aquisições, mas também é acessada quando uma empresa contrata o serviço/produto de uma startup.
Outra maneira para reduzir o custo de trazer inovação através do Corporate Venture é buscar startups em um estágio mais inicial. Esse nível é definido pela empresa, mas é preciso evitar cair na armadilha de investir somente em negócios muito avançados.
É mais importante encontrar startups que tenham um fit apropriado do que investir em estágios mais avançados – afinal, o programa de Corporate Venture busca resolver uma dor específica da empresa ou trazer inovações que possam ser expandidas dentro do negócio.
Para tornar mais eficiente o processo de estruturação desse tipo de programa, as empresas precisam buscar players que já estejam inseridos no ecossistema de startups, como a CapTable.
Imagine, por exemplo, o fundo de Corporate Venture da Renner, com R$155 milhões para investir em startups. Ao anunciar uma iniciativa do tipo, a empresa se vê inundada de cadastros, com startups de diferentes portes e atratividade – ou, pior, com um fluxo baixo de startups interessadas, sem fit com a tese pretendida.
Ao fechar parcerias com players do setor, a empresa terá ajuda para analisar, filtrar opções para consideração, reduzir o tempo gasto no hunting de startups que estejam alinhadas com o que a empresa busca e eliminar a necessidade de uma equipe interna dedicada para a integração da startup ao negócio.
Sinais
Os fundos de Corporate Venture Capital tiveram um boom de investimentos no início da pandemia – com as empresas correndo para digitalizar seus negócios e otimizar sua logística. Com a pressa, muitas delas acabaram fazendo investimentos pouco otimizados e, agora, o mercado como um todo voltou a retrair. No último trimestre de 2021, foram investidos US$525 milhões por fundos de Corporate Venture, montante menor que o volume investido no trimestre anterior, de US$838 milhões.
O que chama a atenção é que os investimentos early stage representam dois terços dos investimentos realizados por CVC no mesmo – um sinal de que esse ainda é um mercado nascente, com muito espaço para crescer.