O tema da preservação das florestas é prioritário da maioria das empresas americanas, no entanto, o setor privado brasileiro ainda não coloca o desmatamento no centro de suas pautas em relação ao clima.
Embora a área desvatada na Amazônia tenha aumentado em 21,97%, alcançando o maior patamar desde 2006, além da cobrança mundial por um combate mais rígido do governo, o alarme ainda não soou para a maior parte das companhias que estão na B3.
Levantamento das empresas
Em um levantamento inédito feito pela Luvi One, empresa de consultoria e investimentos em modelos alternativos, aponta que apenas 16% das companhias nacionais listadas na bolsa incluem a preservação das florestas em suas metas climáticas.
Enquanto na Europa esse percentual é de 90%. Quando levadas em conta as metas específicas, em que se estabelecem prazo e percentual de redução a ser atingido, o resultado é ainda mais desanimador: apenas 5% assumem compromissos de contribuir com um freio no desmatamento no país.
No estudo da Luvi One, em que analisou as 384 empresas listadas na B3, excluindo as de um mesmo grupo, constatando os relatórios publicados, a presença de metas abertas e específicas para reduzir impactos ambientais, se os ODS, a metodologia GRI e seus atos de gestão ambiental são levados em consideração.
Qual setor se destaca?
O resultado da pesquisa destaca que os setores que mais se dedicam a combater o desmatamento, Madeira e Papel, e Energia Elétrica são os mais bem posicionados no combate ao desmatamento, com 67% e 53% das companhias, respectivamente, com metas neste quesito. O setor de bebidas aparece no topo da lista, mas apenas com a Ambev, que possui metas elevadas para combater o desmatamento.
Para o economista Felipe Gutterres, CEO da Luvi One e coordenador do levantamento, a quase ausência de metas de redução de desmatamento pelas empresas brasileiras listadas é um forte sinal da falta de prioridade do tema entre as nossas corporações e lideranças.
“A não ser pelas empresas que têm as florestas como parte do seu negócio principal, as demais não consideram o tema como deveriam. Me parece que tem uma grande geração de valor a ser descoberto na preservação de florestas com o mercado de crédito de carbono, por exemplo”, ressaltou Gutterres.
Emissão de gases
Além disso, a pesquisa revela ainda que, no caso das emissões de gases, 29% das empresas brasileiras listadas têm metas de redução, enquanto na Europa são 81%.
No que se refere a compromissos relacionados à água, a comparação é 24% das companhias brasileiras com metas contra 61% das europeias.
Conclusão do levantamento
Portanto, na prática esse resultado revela que o Brasil se encontra na contramão do debate internacional, onde as discussões sobre preservação da Amazônia, tributação de carbono, sistemas de comércio de emissões, compensações e até barreiras tarifárias para países com baixa performance ganham cada vez mais importância.
O CEO da Luvi One, por fim destacou que há um atraso das empresas brasileiras nas questões de ESG: “Se não for por consciência ou compliance, que seja pela conveniência dos negócios. As empresas que não olharem para o tema desmatamento podem ser penalizadas ou deixar valores potencialmente grandes na mesa.”
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