O conflito entre Rússia e Ucrânia já leva alguns dias. Dessa forma, tendo a guerra como pano de fundo, muitos começam a se questionar quais motivos levaram Putin a querer invadir o território ucraniano.
Entres as respostas para estas perguntas, surgem a explicação de que o receio de ter a Otan no quintal de sua casa foi, na verdade, só uma desculpa usada pelo líder russo para tomar proveito de um bom momento e mostrar ao ocidente sua suposta fraqueza.
Entretanto, na análise de Marcus Vinícius de Freitas, professor de relações internacionais, a realidade é que, a saída dos EUA e do ocidente do papel de protagonistas do palco internacional é algo que já estava acontecendo há algum tempo e um processo natural da história. Por isso, Freitas explica que os acontecimentos podem caracterizar um período de transição, onde quem vai acender na nova ordem mundial serão os países orientais.
Nova ordem mundial, o que isso significa?
Uma ordem mundial diz respeito às configurações gerais das hierarquias de poder existentes entre os países do mundo. Dessa forma, as ordens mundiais modificam-se a cada oscilação em seu contexto histórico. Portanto, ao falar de uma nova ordem mundial, estamos nos referindo ao atual contexto das relações políticas e econômicas internacionais de poder.
Pensando nessa definição, podemos observar algumas ordens mundiais que foram impostas. Isso porque, durante a guerra fria, vemos um mundo bipolar, onde as duas grandes potências eram Rússia e EUA. Entretanto, com o fim desse período histórico, muitos historiadores passaram a ver os EUA como a grande potência, portanto, uma nova ordem se estabelece, a ordem unipolar norte-americana.
EUA não é mais a maior potência mundial?
Freitas explica em entrevista à BM&C News, que toda nação emergente, acaba caindo em algum momento da história.
“Isso é um processo histórico. As nações sobem e descem e esse processo para os EUA começou a muito tempo, nas eleições do Bill Clinton. Isso porque, nesta época você tinha George Bush que havia vencido a guerra fria mas que não foi reeleito. Ao invés disso, foi eleito Bill Clinton com uma narrativa voltada ao interior norte-americano. Bill Clinton ganhou as eleições com uma narrativa de que os EUA não eram xerifes do mundo, reafirmando um grande desengajamento norte-americano”, afirmou Freitas.
Freitas também explicou que a medida em que os EUA faz um movimento de sair do protagonismo global, o ocidente acaba saindo do destaque à medida que o oriente ganha maior relevância, uma vez que possui a maior parte da população global.
“Esta transferência do eixo era algo esperado, só não tinha acontecido ainda, porque estes países tinham alguns conflitos internos“, comenta o professor.
Ascenção natural do lado oriental
Em suma, a reflexão levantada por esse episódio de guerra no leste da europa acaba reafirmando que vivemos em uma época de transição, onde os EUA se distancia do centro global e o pêndulo da história se volta ao oriente.
“Nas últimas 20 décadas vimos que as principais economias globais estavam na ásia. Vale lembrar que os portugueses e europeus saíam rumo a China e Índia para trazer as coisas que viam por lá, nunca o contrário, porque a parte do comércio internacional relevante era justamente aquela parte do mundo”, finaliza Freitas.
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