As ofertas iniciais públicas (IPO) foram comuns no mercado acionário brasileira em 2021 e bateram recorde. No total, foram 45 empresas que estrearam na bolsa este ano, de acordo com informações da B3. As companhias tiveram preferência de entrar na bolsa de valores principalmente no primeiro semestre, quando 27 delas tiveram o início de suas ações negociadas entre os investidores.
O valor arrecadado também ficou bastante diversificado devido ao alto número de empresas que entraram na bolsa brasileira. O volume total ficou entre R$ 270 milhões, da companhia Allied (ALLD3), e R$ 6,709 bilhões, da Raízen (RAIZ4), que era muito aguardada pelo mercado.
“Acho que você precisa entender bastante a empresa”, destacou Thiago Andrade, sócio da Athena Invest, ao comentar na BM&C News se vale a pena entrar em um IPO. “Entenda para que a empresa está pegando o dinheiro. Empresa que está abrindo capital apenas para pagar a dívida, faz sentido?”, reflete Andrade.
O processo de listagem na bolsa de valores é burocrático e trabalhoso. As companhias costumam levar meses para colocar o plano em ação, desde a sua intenção em abrir o capital e efetivamente estrear as ações.
Entre os pontos de um IPO, estão: planejamento, auditoria, apresentação ao mercado, registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), listagem na Bovespa (B3), divulgação de prospectos, comunicação ao mercado, período de reserva, bookbuilding, revelação da precificação das ações e a finalmente estreia na bolsa.
O número de investidores subiu consideravelmente desde 2019, chegando a marca de 4 milhões este ano. Para André Bueno, sócio de Transaction Advisory Services da HLB Brasil, o aumento de liquidez no mercado motivou as empresas a entrar com IPOs, principalmente com a pandemia de Covid-19.
“Talvez pela história da pandemia, as empresas tiveram que procurar uma forma mais eficiente de chamada de capital”, destacou Bueno. “E então, a gente percebeu que começou a sobrar liquidez no mercado. No momento, as empresas perceberam que com essa liquidez favorável no mercado de chamada de ir à bolsa para se aventurar nesse processo de IPO.”
Um dos pontos que o sócio da HLB Brasil chamou atenção foi para a quantidade de ofertas públicas que não são bilionárias: “Você pode perceber que a maioria dos IPOs não são bilionários. São poucos. Dos 50 IPOs, eu diria, estourando, que 10% estão abaixo de R$ 1 bilhão, o que mostra que o sucesso mesmo de se lançar [um IPO] é em vários setores: geração de saúde, siderurgia, serviços, tecnologia.”
Entre as empresas que se destacaram na visão de André Bueno a CSN Mineração (CMIN3). “O que me surpreendeu esse ano, não sei se foi o maior, foi a CSN, que captou quase R$ 5 bilhões. Acho que esse é um dos destaques no Brasil”, disse. Desde a estreia, a companhia acumula queda de 21,22%, assim como a maioria das empresas que estrearam na bolsa em 2021.
Bueno destacou que a situação política e o cenário macroeconômico desfavorável contribuíram para a baixa dessas empresas. Apesar disso, ele acredita que 2022 será um bom ano de novos IPOs, mas faz ressalvas.
“A gente sabe que tem uma fila gigante de IPOs sob análise da CVM. A gente imagina que 2022 tenha um cenário parecido com 2021”, afirmou. “Eu acho que vai ser igual ou até um pouco superior a 2021, mas as ondas de IPO vai depender um pouquinho do apetite das empresas e ela se posicionar em que momento ela quer fazer essa oferta pública. Mas vejo com bons olhos. Estou animado com isso.”
Se inscreva no nosso canal e acompanhe a programação ao vivo.