Os fundos imobiliários (FIIs) seguem atraindo cada vez mais investidores no país. Segundo dados da B3, o número de pessoas que investem neste tipo de fundo passou de 1,172 milhão no final de 2020 para 1,520 milhão de pessoas em novembro de 2021, um aumento de quase 30% em 11 meses.
No entanto, boa parte destes novos investidores de FIIs amargou prejuízos nos últimos meses. Entre julho e novembro, o Ifix, principal índice de fundos imobiliários da B3, registrou queda de cerca de 10%, na esteira da alta da Selic, a taxa básica de juros.
Diante deste cenário, o que podemos esperar para 2022?
Segundo especialistas, mesmo com a alta dos juros, os fundos imobiliários ainda podem oferecer um retorno interessante, mas o investidor precisa ter visão de longo prazo e evitar vender o ativo motivado apenas por quedas pontuais.
“Muitas pessoas compraram na máxima e acabam vendendo na mínima, com medo de perder dinheiro”, afirmou Felipe Ribeiro, head da área de fundos imobiliários da Quatá Imob, durante entrevista à BM&C News.
Ele destacou que este tipo de atitude deve ser evitada, já que o fundo imobiliário é um ativo de “longuíssimo prazo”. “Este fundo não é uma aventura em que você compra uma cota por R$ 100 e ela ‘se transforma’ em R$ 1.000”. Isso não vai acontecer”, explica, enfatizando que o retorno acontece aos poucos ao longo do tempo.
Segundo ele, com esta mentalidade e horizonte maior de investimento, o investidor consegue encontrar boas oportunidades no mercado de FIIs. “Existem fundos imobiliários com 40% e até 50% de desconto [utilizando a métrica P/VP – preço/valor patrimonial]. E mesmo neste cenário tem pessoas que falam para comprar criptomoedas ou então renda fixa. Não! É hora de ‘encher a mão’ de fundo imobiliário”, aconselha o especialista.
Para Ribeiro, os fundos de fundos (FOFs) – que investem em outros FIIs – estão com preços muito atrativos e os fundos de “tijolo” – que investem em ativos físicos, como prédios corporativos – estão ainda mais descontados.
“O que vejo é que todos os setores estão mal precificados. Estes fundos que estão mais descontados devem voltar para o valor patrimonial daqui a cerca de dois anos. Quem tiver se posicionado neles vai surfar uma onda maravilhosa”, acredita.
De acordo com o especialista, a exceção são os fundos de CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários), também conhecidos como fundos de papel. Estes FIIs não foram tão penalizados por quedas recentemente, mas continuam sendo boas opções para ganhos contínuos e estáveis.
“O fundo de CRI tem uma volatilidade menor. Como o dividendo não varia tanto, você vai ganhar em torno de 15% a 20% de TIR (Taxa Interna de Retorno) continuamente”, destaca o head da Quatá.
Os analistas da XP investimentos concordam que estes fundos podem trazer bons retornos no próximo ano. “Os FIIs de recebíveis seguem sendo uma boa opção para quem deseja se proteger ou até mesmo se beneficiar de um cenário com inflação e juros mais elevados, uma vez que a maioria dos CRIs e das LCIs são emitidos com indexação ao IPCA ou CDI”, disseram, em relatório.