O economista e presidente do Insper, Marcos Lisboa, falou, em entrevista exclusiva à BM&C News nesta quarta-feira (17), sobre a expectativas para a recuperação econômica e PEC dos precatórios.
“Eu preferia que tivesse mantido o Bolsa Família e aumentado. Esse Auxílio Brasil está muito mal desenhado. (…) Não era para o câmbio e a inflação estar onde estão, não fizemos um serviço bem feito e estamos pagando o preço disso. O oportunismo cobra seu preço”, disse
Na sequência, Lisboa avaliou a proposta; “É uma PEC realmente muito ruim. Cuidar dos mais vulneráveis, perfeito, agora permitir que isso vire um cavalo de troia para o velho patrimonialismo se apossar do estado e agravar a situação do país não deveria ocorrer”, pontuou.
Nesta terça, o ministro da Cidadania, João Roma, pediu a senadores “prioridade” na análise da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios pelo Senado e defendeu a votação do texto na Casa ainda neste mês.
A proposta, enviada ao Congresso em agosto, é a principal aposta do Poder Executivo para bancar o Auxílio Brasil, programa criado pelo governo para suceder o Bolsa Família. A PEC muda a forma de pagamento dos precatórios (dívidas do governo já reconhecidas pela Justiça) a fim de abrir um espaço de mais de R$ 90 bilhões no Orçamento da União para despesas no ano eleitoral de 2022. O texto já foi aprovado pela Câmara dos Deputados.
Crescimento do país
Além disso, Lisboa ressaltou que a economia não deve crescer nos próximos anos como esperado. “O Brasil está muito atrasado com a reforma tributária ou de segurança jurídica para investimentos de longo prazo, o governo não tem uma agenda clara e a política econômica acabou sendo capturadas por grupos de interesse que se movimentam no legislativo. A gente viu isso na reforma da Eletrobras”, destacou o economista.
Lisboa pontuou que os custos altos de energia contribuem com menos investimento no país. Além disso, não fazer a reforma tributária gera menos crescimento de longo prazo. “As perspectiva de longo prazo são ruins, isso, inclusive, é o que explica o câmbio desvalorizado”, disse. Lisboa também pontuou que o boom de commodities que ocorreu no ano passado era para fazer com que o câmbio fosse para baixo e não o contrário.
“As empresas estão desistindo do Brasil, os investidores estão desistindo do Brasil. Eu acho que ao invés de serem enfrentados os problemas de longo prazo, a gente se perde em discussões miúdas (…) são as folhas obstruindo as florestas, e a floresta não está nada bem”, destacou.
Confira a análise na íntegra:
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