A tentativa do governo de mudar o Teto de Gastos para conseguir realizar pagamentos do novo programa social Auxílio Brasil pode gerar impactos desastrosos para o país, na opinião do CEO Luis Stuhlberger e do economista-chefe Daniel Leichsenring, da Verde Asset.
No último relatório de gestão do Fundo Verde, eles assinam um texto criticando a medida. “A consequência [de uma mudança no Teto de Gastos] será desastrosa para o país: teremos inflação e taxas de juros mais altas, crescimento mais baixo, trajetória de dívida pior, e aumento de impostos adiante para pagar pelas escolhas de hoje”, disseram.
Segundo eles, com mais inflação, menor crescimento e juros mais altos, o país entrará em um ciclo vicioso, com necessidade de mais gastos públicos.
Criação do Teto em 2016
Stuhlberger e Leichsenring destacaram a importância da criação do Teto de Gastos, em 2016, durante o governo do presidente Michel Temer, em resposta à “irresponsabilidade fiscal” do governo Dilma.
“A recessão do governo Dilma foi simplesmente a pior de que se tem registro nos 120 anos de dados. Nos dois anos que durou, a recessão fez a economia contrair 6,7%, praticamente o dobro de qualquer outra recessão pela qual o País passara”, afirmaram.
Extensão do Auxílio Emergencial deveria ser menor
Para Stuhlberger e Leichsenring, o governo deveria ter aprovado a extensão de um Auxílio Emergencial menor para 2022. Eles lembraram que o Tesouro gastou R$ 293 bilhões com o Auxílio Emergencial em 2020, em um total de medidas extra-teto de R$ 524 bi efetivamente desembolsados.
Em 2021 foram pagos R$ 60,5 bilhões de Auxílio Emergencial e um total de R$ 107 bilhões relacionados à Covid.
“Se gastássemos R$ 50 bi a mais em 2022, desde que temporário e sem mexer no arcabouço fiscal, seria muito menos danoso. Não jogaríamos fora as instituições fiscais que nos custaram tanto para construir, manteríamos o Teto, e evitaríamos esse desequilíbrio geral a que assistimos agora”, diz o texto.
Eles concluem a análise afirmando que “ainda dá tempo” de tentar voltar atrás e evitar essa mudança do Teto. “Não será fácil, mas talvez a pasta de dente volte para dentro do tubo”, finalizam.
O Fundo Verde registrou forte desvalorização de 4,39% em outubro. “Acreditávamos que havia bastante notícia ruim no preço, e que os agentes políticos tinham incentivos razoáveis para não romper o teto dos gastos. Essa visão se provou errada”, diz o relatório.