
No dia 20 de setembro deste ano o mercado financeiro de todo o mundo entrou em pânico. Foi justamente o dia em que a gigante chinesa do setor imobiliário, a Evergrande, anunciou que corria o risco de calote, com uma dívida de US$ 300 bilhões. A Evergrande foi fundada em 1996 pelo empresário Hui Ka Yan e, hoje, tem 200 mil funcionários em 280 cidades da China e mais de 1.300 projetos.
Na China, o setor da construção corresponde a 25% do PIB do país e problemas na segunda incorporadora imobiliária chinesa poderia piorar a crise, não só na China mas como em todos os países que exportam para o país.
Nesta sexta-feira (15), segundo a imprensa estatal, o Banco Central da China afirmou que o risco de contágio da gigante do setor imobiliário chinês Evergrande para o setor financeiro é “controlável”, rompendo o silêncio sobre os problemas da empresa e a ameaçada de falência.
Lembrando que, atualmente, a crise setor imobiliário chinês está com maior controle das autoridades, que adotaram novas regras para evitar a especulação e o endividamento excessivo das empresas, o que pode trazer mais otimismo nos próximos meses.
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Mas, afinal, como o caso Evergrande pode impactar o Brasil?
Mais de 30% de tudo o que o que o Brasil exporta tem como destino a China. Do total, quase um terço das exportações são de minério de ferro, que é muito usado pela indústria da construção. O preço da commodity já vinha caindo nos últimos meses e a expectativa de que a China vai começar a comprar menos minério de ferro do Brasil pode derrubar ainda mais os preços. O Brasil venderia menos tanto em valor, quanto em volume. Com menos exportações, a tendência é que o dólar suba mais e derrube ainda mais o real.
De acordo com o gestor de renda variável da Galapagos Capital, Scott Hodgson, o país asiático está “estressado” e que o efeito será sentido nos demais países como um efeito dominó.
“Se a China está estressada, o Brasil e outros países vão sentir o estresse. […] Evergrande e outras empresas do setor imobiliário, como o Fantasia, continuam sob pressão. A taxa de juros dos high yield bonds da China chegou em 20%, o nível mais alto durante a pandemia. Mas o mercado global parece ter pacificado o risco no curto prazo”, completa Hodgson.
Também é possível ver a análise de Gabriela Joubert, head of Equity Research do Inter. Ela também fez avaliação para crise da Evergrande e qual impacto para investidores brasileiros. Veja:
Entretanto, o futuro da Evergrande ainda é considerado incerto. Segundo o especialista, o efeito da crise no médio prazo, dependerá da reação da China, que vai determinar o nível de crescimento do país e a demanda por matérias-primas.
“A demanda imobiliária continua diminuindo e combinado com as altas dos preços da energia e da cadeia produtiva, a China continua com um fator de risco no médio prazo”, finaliza o gestor de renda variável.