O Assaí viu uma oportunidade única de acelerar sua expansão com a aquisição de lojas do Extra Hiper no momento em que o setor de atacarejo corre para abrir lojas em um cenário inflacionário que deve se prolongar nos próximos anos, afirmou o presidente da companhia nesta sexta-feira.
A transação de 5,2 bilhões de reais anunciada na noite da véspera vai elevar o parque do Assaí em 71 lojas, trazendo para a companhia um faturamento extra de 25 bilhões de reais, que deve fazer o Assaí atingir receita bruta de 100 bilhões até 2024 com mesmo nível atual de margem de lucro (Ebitda), disse Belmiro Gomes, em teleconferência com analistas.
“Teve dois eventos neste ano que mudaram a geografia do mercado: o primeiro foi a aquisição do grupo BIG pelo Atacadão, principal rival do Assaí e líder do setor”, disse ele.
“Havia na nossa visão um distanciamento que nós precisávamos buscar uma forma de acelerar nossa expansão de forma rentável”, acrescentou. “O ativo que nos parecia mais vital para isso era o parque de lojas do Extra Hipermercado”, disse, citando fatores como baixa sobreposição de lojas, velocidade de incorporação dos pontos e custo de reforma para o formato de atacarejo.
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Segundo ele, outro “divisor de águas” para a transação com o GPA foram acordos com locadores de lojas que antes não permitiam que hipermercados fossem convertidos em lojas de atacarejo, que precisam de obras de reestruturação para operarem como tal.
Em julho, o GPA fez acordo com a Península, family office da família Diniz, envolvendo locação de imóveis.
Segundo Gomes, o Assaí precisaria ter 110 lojas para conseguir o mesmo nível de faturamento que espera obter com as 71 lojas do Extra Hiper que vai incorporar ao seu parque. E a pressa da empresa em fechar o negócio deve-se a perspectivas de inflação pressionada no próximo ano, levando clientes a buscarem preços menores em regiões onde a bandeira não está presente.
“Lojas nesse nível custam mais de 100 milhões de reais para serem feitas, com todo o tempo para se fazer uma loja… A gente fala que para qualquer comércio tem três fatores importantes: o primeiro é ponto, o segundo é ponto e o terceiro é ponto.”
Segundo o Assaí, do valor total a ser pago pelo negócio, 500 milhões serão desembolsados neste ano. As parcelas seguintes somam cerca de 1,6 bilhão de reais até o fim de 2022, 1,2 bilhão até junho de 2023 e mais 700 milhões até o início de 2024.
Repercussão
O Itaú BBA afirmou em relatório que, se o Assaí atingir a previsão de receita de 25 bilhões de reais até 2024 com as lojas compradas, ante faturamento atual de 9 bilhões, a “transação provavelmente fará sentido do ponto de vista financeiro”.
Mas os autores do relatório se disseram “profundamente desconfortáveis” com o fato de os minoritários do grupo não terem sido ouvidos e que o Assaí está pagando “o preço mais caro por loja (mais de 100 milhões de reais cada, após investimento na reforma) que já vimos”.
“Não vemos outra alternativa que não seja cortar a avaliação de ASAI3 para ‘market perform’ até o mercado digerir a transação e tenhamos mais conforto com o racional do negócio e suas condições”, acrescentou o analista Thiago Macruz do Itaú BBA.
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*Com informações da Reuters