
Atualizado às 12h21
O Ibovespa opera em queda de 1,17%, aos 109.162 pontos nesta quarta-feira (06). A desvalorização segue os mercados globais, em meio ao agravamento da crise energética global que vem provocando aversão ao risco nos principais mercados acionários do mundo.
Mais cedo, dados de varejo mostraram desaceleração econômica, em -3,1% em agosto ante julho. Méliuz (CASH3), que chegou a liderar as baixas, reduziu perdas e recua 3,21% (R$ 5,43). As maiores baixas ficam com Banco Inter PN (BIDI4) -5,99% (R$ 40,31) e por Banco Inter (BIDI11) -5,60% (R$ 40,48).
Vale (VALE3) recua 0,51% (R$ 74,57) em dia em que o minério de ferro fechou estável em Qingdao, a US$ 116,58 a tonelada. Petrobras segue os preços do petróleo e também registra perdas: ON (PETR3) -1,74% (R$ 29,35) e PN (PETR4) -2,24% (R$ 28,77).
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, ficou na estabilidade ontem (05), fechando em 0,06%, cotado a 110.457,64 pontos.
O dólar fechou em alta de 0,71%, cotado a R$ 5,485.
Cenário interno:
O mercado brasileiro sofre com projetos parados do governo, como a PEC dos Precatórios, que segue empacada. O governo segue falando de auxílio emergencial, Auxílio Brasil (o novo Bolsa Família) e vale-gás sem deixar claro como vai custeá-los.
Além disso, hoje foi divulgado que o volume de vendas no varejo restrito caiu 3,1% em agosto, frente a julho. O resultado veio na direção contrária das estimativas.
Cenário externo:
Com a crise energética se agravando mais, e os receios de uma inflação mais elevada e persistente mundo afora ganham espaço, o que faz com que os investidores fiquem receosos de comprar ações.
Nas bolsas asiáticas, o índice acionário japonês Nikkei reverteu o curso nesta quarta-feira e fechou em mínima de mais de seis semanas, pressionado pelas preocupações com taxas de juros mais altas, desaceleração da China e taxas de aprovações fracas do novo primeiro-ministro do país.
O Nikkei caiu 1,05% e fechou a 27.528,87 pontos, mínima desde 23 de agosto. O índice, que chegou a avançar 1,4% durante a sessão, fechou no vermelho pela oitava sessão seguida.
Nos Estados Unidos, a criação de vagas de trabalho no setor privado subiu mais do que o esperado em setembro, conforme as infecções por Covid-19 começaram a diminuir, permitindo aos norte-americanos voltarem a viajar e frequentar restaurantes, entre outras atividades.
Foram criados 568 mil empregos no setor privado no mês passado, mostrou nesta quarta-feira o Relatório Nacional de Emprego da ADP. Os dados de agosto foram revisados para baixo para mostrar geração de 340 mil vagas, em vez das 374 mil inicialmente relatadas.
Economistas consultados pela Reuters previam criação de 428 mil postos de trabalho.
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Dólar:
O chegou a superar os 5,52 reais na máxima do pregão desta quarta-feira, embora já tenha arrefecido a alta desde então, com temores globais de inflação antecipando as expectativas dos investidores sobre elevações de juros nas principais economias.
Às 10:19, o dólar avançava 0,44%, a 5,5090 reais na venda, depois de tocar 5,5226 reais no pico do dia, alta de 0,69%. O dólar futuro de maior liquidez subia 0,37%, a 5,522 reais.
A moeda norte-americana também apresentava valorização nos mercados de câmbio mais amplos, avançando 0,33% contra uma cesta de seis rivais fortes devido aos patamares elevados dos preços do petróleo, que atingiram máximas em sete anos recentemente.
O salto nos preços de energia elevava temores de persistência da inflação elevada nas economias avançadas, o que poderia levar os principais bancos centrais a apertarem sua política monetária antes do esperado de forma a segurar a pressão. Isso, por sua vez, reduziria o diferencial de juros entre países desenvolvidos e emergentes, o que tenderia a beneficiar o dólar.
Peso mexicano, lira turca, rand sul-africano e dólar australiano, alguns dos principais pares do real, registravam perdas expressivas nesta manhã, acompanhando ainda os patamares elevados dos rendimentos dos títulos dos Estados Unidos. “Isso fortalece o dólar globalmente”, disse Alexandre Espirito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos.
Além do clima já azedo no exterior, dados desta quarta-feira mostraram que as vendas no varejo brasileiro tiveram queda de 3,1% em agosto na comparação com julho e recuaram 4,1% sobre um ano antes, resultado bem abaixo da expectativa dos mercados. Segundo Samuel Cunha, economista da assessoria de investimentos H3 Invest, isso prejudicava o desempenho dos ativos domésticos.
E o Brasil também segue com suas costumeiras incertezas locais, como atrasos e decepções na agenda reformista do governo, desconforto fiscal e perspectiva de aumento da temperatura na política com a aproximação das eleições de 2022, disse Espirito Santo, da Órama. A tudo isso, continuou, soma-se o aumento sazonal na demanda por dólares, comum no final do ano.
Nesse contexto, o economista espera que o dólar encerre o ano entre 5,20 e 5,30 reais, podendo chegar a até 5,70 reais no final de 2022, uma vez que, “historicamente, o dólar sobe em ano de eleição”. Segundo ele, até mesmo a elevação da taxa Selic — que tende a beneficiar o real — terá impacto limitado sobre o câmbio, devendo apenas “ajudar a conter valorização maior do dólar.”
De olho nas tendências de alta do dólar de fim do ano, o Banco Central já tem realizado leilões de swap cambial tradicional duas vezes por semana, mas, se a moeda dos EUA ficar muito acima dos 5,50 reais, “não descarto que o BC faça leilões de linha ou até venda de reservas”, disse Espirito Santo.
Na véspera, o dólar à vista subiu 0,71%, a 5,4849 reais, nível mais alto desde 23 de abril (5,4967 reais).
Com Reuters e BDM