
Desde o anúncio da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre o aumento da tarifa de conta de luz, e a crise hídrica se alastrando, os investidores têm visto as ações das empresas do setor de energia sofrer quedas. Além disso, a alta da bandeira tarifária tem causado problemas na inflação e no crescimento econômico. De acordo com Celson Placido, CIO da Warren, o principal setor afetado é o de siderurgia.
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“A gente já está vendo problemas até em auto peças, na parte de automóveis, eletrodomésticos subindo bastante. Como eles são muito intensivos em energia, com o preço subindo, eles podem ser afetados sim negativamente”, analisou Placido à BM&C News.
Com a inflação subindo, é normal a população reduzir custos, trocar lâmpadas por outras mais econômicas, porém, Celson destaca que, com o aumento da tarifa de energia, é muito difícil hoje fazer essa redução. “Gás subiu bastante, energia subindo bem e uma inflação de consumo corrói o poder de compra da população e isso é muito ruim para crescimento econômico”, analisou.
Para Marco Saravalle, estrategista-chefe da SaraInvest, o grande problema da crise hídrica é a dependência brasileira por chuva: “A nossa matriz energética é muito limpa, mas apesar de ser utilizado energia eólica e solar, ela é muito dependente da chuva”, disse o estrategista.
Celson, por sua vez, analisa o cenário da mesma forma e completa dizendo que deveriam ter alternativas para que o país não dependa da chuva todos os anos.
No último anúncio, a Aneel calculou cerca de R$ 25 a cada 100 kWh, até dezembro deste ano, com possibilidade de retorno aos atuais R$ 9,49 em janeiro.
Em junho, a Aneel já havia aprovado um reajuste de 52% na bandeira vermelha 2, que foi de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 kWh. No entanto, a agência admitiu que o valor não seria suficiente para fazer frente às despesas com as usinas térmicas e abriu uma consulta pública para discutir uma nova alta. A proposta previa um reajuste para até R$ 11,50.
O valor havia sido proposto antes de o governo admitir uma “relevante piora” nas previsões para o cenário hídrico e nas projeções para os próximos meses.
“A minha preocupação é que acaba criando um teto para o nosso potencial de crescimento econômico para o curto prazo. Então, isso pode trazer um impacto na geração de emprego”, disse Saravalle.
Além disso, o estrategista destacou um outro problema na gestão governamental e disse que é necessário pensar em investimentos para o país que seja de longo prazo, para além dos quatro anos de gestão. “A nossa politica pública do Brasil é muito pensando no atual governo. Agora, para você investir em uma usina hidrelétrica, leva anos às vezes para conquistar a liberação ambiental. Então, realmente são investimentos de longo prazo, mas é algo que alguns países asiáticos, a China é um deles, tem feito nos últimos 30, 40 anos”, analisou.
Confira a análise completa:
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