O Ibovespa mostrava fraqueza nos primeiros negócios nesta segunda-feira, após uma semana de valorização, tendo de pano de fundo um comportamento mais comedido nos mercados no exterior, com poucas divulgações relevantes.
Às 10:55, o Ibovespa caía 0,97%, a 119.506,5 pontos. O volume financeiro era de 3,67 bilhões de reais.
Na última sexta-feira, o Ibovespa fechou em alta, assegurando desempenho positivo de mais de 2% na semana, endossado principalmente por comentários do chair do Federal Reserve.
Em Wall St, o S&P 500 subia 0,2%, renovando máximas, ainda apoiado nas declarações do Fed na semana passada, que alimentaram otimismo sobre a recuperação esconômica e amenizaram temores de redução repentina de estímulos.
No Brasil, permanecem as preocupações com as tensões políticas, sem alívio na crise entre os poderes Executivo e Judiciário, bem como o desconforto com os riscos fiscais e a crise hídrica e seus potenciais reflexos na inflação.
Dados divulgados mais cedo mostraram que alta de 0,66% para o IGP-M em agosto. “Se não fosse a crise hídrica, o IGP-M apresentaria desaceleração mais forte”, segundo o coordenador dos índices de preços da FGV, André Braz.
“Com um ambiente externo sem muita força neste início de semana e com o risco político no radar, acreditamos em uma sessão de viés negativo”, afirmou a equipe da Guide Investimentos, em nota a clientes.
DESTAQUES
– ITAÚ UNIBANCO PN e BRADESCO PN recuavam 1,1% cada, em sessão majoritariamente negativa para ações de bancos do Ibovespa. BANCO INTER UNIT mostrava alguma resistência e subia 0,4%.
– PETROBRAS PN caía 0,35%, em sessão de fraqueza dos preços do petróleo no exterior. A companhia também disse que prepara resgate antecipado de Global Notes no valor de 1,3 bilhão de dólares.
– VALE ON cedia 0,2%, após uma semana de recuperação, em pregão sem um sinal único para o setor de mineração e siderurgia no Ibovespa, com USIMINAS PNA em alta de 0,8%.
– CYRELA ON mostrava declínio de 3,7%, em meio a ajustes, após avançar quase 15% na semana passada. O índice do setor imobiliário na B3 recuava 1,55%.
– FLEURY ON subia 0,25%, entre as poucas altas do Ibovespa. O grupo de medicina diagnóstica disse que iniciou estudos preliminares para avaliar uma potencial transação envolvendo a Alliar. ALLIAR ON avançava 3,5%.
Na última sexta-feira, o Ibovespa fechou em alta, assegurando desempenho positivo de mais de 2% na semana, endossado por comentários do chair do Federal Reserve.
Dólar
O dólar apresentava alta contra o real na manhã desta segunda-feira, depois de registrar desvalorização acentuada no acumulado da semana passada, enquanto os investidores aguardavam indicadores importantes do Brasil e dos Estados Unidos nesta semana.
Às 10:11, o dólar avançava 0,13%, a 5,2040 reais na venda, tendo devolvido algum terreno depois de chegar a tocar 5,2273 reais na máxima do dia, alta de 0,59%. O dólar futuro tinha ganho de 0,03%, a 5,2045 reais.
Leia também:
- Ex-integrantes de equipes econômicas defendem retirar precatórios do teto
- Indústria projeta perda de US$ 1,2 bi sem desoneração
Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Mizuho, disse à Reuters que o movimento desta manhã reflete um ajuste da divisa norte-americana depois dos ganhos acentuados do real na semana passada, com o mercado “à espera de novos catalisadores”. Na sexta-feira, o dólar spot fechou em baixa de 1,15%, a 5,1965 reais na venda, acumulando queda semanal de 3,50%.
Ele ressaltou que não enxerga a valorização desta segunda-feira como muito expressiva, apontando um ambiente de risco favorável a moedas emergentes no exterior.
Na semana passada, a abordagem “esperar para ver” do chair do Fed, Jerome Powell, em discurso na conferência de Jackson Hole deu aos participantes do mercado alguma garantia de que os esforços extraordinários do banco central para sustentar a economia devem apoiar ativos mais arriscados por mais algum tempo.
Enquanto isso, os investidores se preparavam para uma semana que “promete fortes emoções”, disse em nota Jefferson Rugik, da Correparti Corretora. Na esteira da sinalização mais “dovish” do Fed, à medida que o banco central tenta levar a economia ao pleno emprego, os investidores ficarão atentos a dados de sexta-feira sobre a criação de postos de trabalho nos Estados Unidos.
Por aqui, na quarta-feira o IBGE divulgará dados sobre o crescimento econômico brasileiro no segundo trimestre, enquanto os investidores continuarão de olho no clima político com a aproximação do dia 7 de setembro, data para a qual o presidente Jair Bolsonaro tem convocado manifestações de seus apoiadores.
Finalmente, disse Rostagno, do Mizuho, os investidores devem seguir de olho no noticiário fiscal, avaliando se falas tranquilizadoras recentes de autoridades serão acompanhadas de avanços concretos.
Os agentes do mercado têm acompanhado com atenção especial a novela em torno dos precatórios previstos para 2022, que somam quase 90 bilhões de reais. O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou na última quinta-feira que a solução para a conta via limitação do crescimento dessas despesas pela regra do teto de gastos deverá ser tratada em duas semanas.
No cenário internacional, o mercado segue repercutindo o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que disse não ter pressa para subir os juros.
Já o mercado de commodities, observa as consequências do furacão Ida no sul dos Estados Unidos. As tensões no Afeganistão também deve se destacar no noticiário hoje, após o ataque de drone em represália ao atentado do ISIS na última sexta-feira (27).
Além disso, os investidores ainda esperam pelos dados da China, que serão divulgados durante à noite.
Estes e outros assuntos você também acompanha ao longo do dia durante a programação da BM&C News no YouTube. Confira os destaques para esta segunda:
Política
O Congresso dá sequência à agenda de reformas nesta segunda. É aguardada que ocorra hoje a entrega do parecer da reforma administrativa. Com isso, a expectativa de leitura deve acontecer entre terça e quarta-feira.
Além disso, a Comissão de Fiscalização e Controle coloca em discussão o projeto que proíbe a inclusão das chamadas “despesas não técnicas” na conta de energia elétrica.
Crise hídrica
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou na última sexta-feira que a conta de luz dos brasileiros permanecerá no mês de setembro com a bandeira tarifária vermelha patamar 2, o nível mais elevado de custos extras, em meio à grave crise hídrica enfrentada pelo país.
Apesar do anúncio, a entidade ainda não definiu o valor para a bandeira no mês que vem. Em nota, a Aneel afirmou que os valores estão em análise e serão divulgados posteriormente, em agosto, a bandeira vermelha patamar 2 teve custo adicional de 9,492 reais para cada 100 kilowatts-hora consumidos.
*Com Reuters e BDM