Com desempenho fora da curva e rentabilidade excepcional, as small caps estão desbancando as gigantes da Bolsa/Índice Bovespa e se consolidam como um fenômeno notável no quesito retorno de investimentos. Desconhecida pela maioria dos investidores e ‘desprezada’ pelas gestoras, muito motivos explicam esse patamar de alto desempenho. Prova disso é o levantamento do Índice de Small Caps (SMLL), composto por empresas de menor capitalização e liquidez da B3, que registrou uma valorização de 196% das small caps, no período de 13 anos (abril de 2008 a julho de 2021). A performance é expressivamente maior que a rentabilidade do Ibovespa que alcançou 79% no mesmo intervalo.
Para o CEO e gestor da Trígono Capital, Frederico Mesnik, a potência das small caps está na combinação de diversos fatores como excelente rentabilidade, consistência de resultados e menor volatilidade. “A rentabilidade das small caps é muito superior às demais companhias do mercado. A Trígono também desenvolveu o índice TRIG, que considera o teto de R$ 10 bilhões para a classificação das empresas na categoria de small caps, e o levantamento dos últimos 13 anos (fechamento até julho de 2021) mostra o acúmulo de uma variação positiva de 338% das small caps da gestora, superando com amplitude o Ibovespa (79%) e até o SMLL (196%) no mesmo período”, pontua.
RENTABILIDADE – ACUMULADO(ABRIL 2008 A JULHO 2021) PERÍODO DE 13 ANOS | |
ÍNDICE REFERÊNCIA | RETORNO/RENTABILIDADE (%) |
Índice Small Caps (SMLL) | 196% |
Ibovespa | 79% |
Índice TRIG | 338% |
Entre as small caps que estão em evidência no mercado nacional com excelentes retornos e dividendos estão empresas do setor de mineração e metalurgia, industrial ligado a bens de capital e, químico, com destaque para Ferbasa – Cia de Ferro Ligas da Bahia (FESA4), Schulz Compressores (SHUL4) e Tronox Pigmentos (CRPG5).
SMAL CAPS (ABRIL 2008 A JULHO 2021) PERÍODO DE 13 ANOS | |
EMPRESA | RENTABILIDADE (%) |
Ferbasa PN (FESA4) | 877% |
Schulz PN (SHUL4) | 607% |
Tronox Pigmentos PNA (CRPG5) | 1.595% |
Fonte: Economática
A prova cabal da força das small caps também é evidenciada pela performance dos fundos de ações da Trígono Capital, gestora de fundo de ações especializada em small caps, que conquistaram os quatro primeiros lugares do ranking da Morningstar dos melhores fundos de investimentos em ações no primeiro semestre de 2021, única empresa no mercado a conquistar este feito. No topo da lista da empresa está oTrígono Flagship 60 que apresentou retorno de 55,1%, superando seu benchmark SMLL com grande amplitude, já que o índice se valorizou apenas 11,4%, ou seja, quase cinco vezes maior. No pódio também aparecem outros três fundos da Trígono, são eles: Trígono Flagship (fechado para o mercado), Trígono Verbier e Trígono Delphos.
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Uma das estratégias da gestora é concentrar em empresas com suas receitas relacionadas à moeda estrangeira, direta ou indiretamente, fator que agrega certa proteção em situação de estresseno mercado local e mesmo internacional, já que estas empresas se beneficiam amplamente da desvalorização da moeda brasileira. Mas o foco são as empresas small caps e que pagam bons dividendos, além da observância das melhores práticas de ESG, também como fator mitigante de riscos.
Por que as small caps estão no topo?
Segundo o CEO da Trígono Capital, um diferencial das small caps é que muitas delas se mantêm no topo com resultados consistentes e uma longa trajetória de sucesso. “Independentemente do período e tempo de aplicação, as menores empresas em valor de mercado, ou capitalização, se mantém fortes no mercado e seguram o posto de rentabilidade”, afirma. Ele explica ainda que em outra análise, foram realizadas 60 mil simulações de aportes e resgates no Ibovespa e a mesma quantidade no índice TRIG, com intervalos variados. Nessas simulações, 83% dos investidores teriam retorno maior no índice da Trígono Capital, independentemente do tempo de permanência. “O que representa uma medida pura de consistência das small caps”, conclui Mesnik.
“Grandes empresas costumam ser escolhas comuns entre os principais players do mercado por serem robustas e financeiramente estáveis. Entretanto, a probabilidade de um ganho rápido e alto também é pequena. É pouco provável que companhias com esse perfil tenham um boom de valorização. Afinal, elas já estão bem consolidadas no mercado, bem avaliada por uma infinidade de participante no mercado no Brasil, incluindo investidores, corretoras e valores e consultorias. No entanto, as small caps são deixadas de lado e que se configuram em excelentes oportunidades”, explica o CEO da Trígono Capital. O gestor Werner Roger explica que quanto menos participantes do mercado se debruçarem na análise das small caps, maior a possibilidade de encontrar empresas mal precificadas e bem descontadas em relação ao real valor.
Baixa volatilidade e capacidade para superar crises
Mesmo com uma rentabilidade excepcional comprovada, muitas small caps acabam ficando de fora do radar dos grandes atores do mercado financeiro por puro desconhecimento e porque são ignoradas pela maioria das gestoras que preferem o caminho mais fácil focando nas empresas maiores relacionadas ao índice Bovespa. Segundo Mesnik, se engana quem acredita que as small caps possuem grande volatilidade. Além do menor risco elas possuem uma alta capacidade de recuperação em períodos de crises. Prova disso é o baixo índice de volatilidade das small caps que também supera a Bolsa. Em 13 anos, o risco TRIG medido pela volatilidade anualizada é de apenas 21%, contra 25% da SMLL e 28% da Ibovespa. “Se considerarmos o retorno pelo risco, a relação do Ibovespa é de 3 para 1, o que significa que para 3% de retorno ele oferece 1% de risco. Ante 8,6 do SMLL e 17,5 do TRIG, desmitificando a lenda de maior risco das small caps”, explica o CEO.
A capacidade de superar crises financeiras de forma mais rápida é outra vantagem das small caps. O levantamento da Trígono Capital também apontou que ações de menor capitalização tendem a se recuperar mais rapidamente em grandes crises, quando comparadas aos papéis das grandes empresas. “Como exemplo, temos a crise da bolha imobiliária ou sub-prime dos Estados Unidos da América (EUA), desencadeada em 2008, na época o Ibovespa caiu 59% e precisou de 618 pregões para se recuperar. Enquanto o índice SMLL caiu 63% e levou apenas 381 pregões para retomar ao seu patamar original”, finaliza Mesnik.
Potencial para se tornarem gigantes
Outro diferencial das small caps se refere à sua capacidade de crescimento na linha do tempo, tornando-se grandes companhias. O CIO e gestor da Trígono Capital, Werner Roger, cita uma análise realizada com algumas empresas pequenas que se tornaram gigantes em uma janela de apenas sete anos. “A Droga Raia tinha em dezembro de 2013 um valor estimado de R$ 4,9 bilhões e escalou 807%, superando a casa dos R$ 41 bilhões até o fim de 2020. Outra pequena que se tornou gigante no período, foi a empresa locadora de veículos, Localiza. A ascensão foi de 664% no mesmo intervalo, saltando de R$ 7,6 bilhões para R$ 51,8 bilhões”, explica.
Apesar de muitas empresas que estão ingressando no mercado financeiro listando suas ações através de IPOs, Werner afirma que as small caps bem geridas têm alto potencial de crescimento e bom retorno para os acionistas. “Além disso, muitas dessas pequenas companhias pertencem a nichos de mercado com menor competição, fator que amplia de forma exponencial as possibilidades de expansão, atuação e inovação do negócio, pois geralmente trata-se de setores que ainda não estão consolidados e tendem a crescer”, afirma. São típicas da nova economia, muitas delas envolvidas em tecnologia, enquanto as empresas que compõe o IBOV são da velha economia, como os setores de mineração de ferro, petróleo e os grandes bancos que representam parte importante do índice, afirma Roger. Além disso, complementa ele, as small caps oferecem uma maior resiliência com a economia, enquanto o IBOV, está mais associado ao setor financeiro e commodities, sendo este setor mais impactado pelas restrições de ESG pelos grandes investidores estrangeiros, notadamente os formadores de opinião.
PEQUENAS QUE SE TORNARAM GIGANTES (ABRIL 2008 A JUNHO 2021) | |||
ÍNDICE REFERÊNCIA | 30/12/2013 | 30/12/2020 | % |
Droga Raia | R$ 4,9 bilhões | R$ 41,3 bilhões | 807% |
Loja Renner | R$ 8,0 bilhões | R$ 34,5 bilhões | 381% |
Localiza | R$ 7,6 bilhões | R$ 51,8 bilhões | 664% |
Fonte: Economática