
A alta nos preços das commodities (petróleo, metais, grãos e carnes) tem sinalizado que o mercado estaria entrando em um novo superciclo, parecido com o que aconteceu por volta de 2000 com forte crescimento no preço da matéria-prima.
Em vista de uma recuperação econômica pós-pandemia, países como China e Estados Unidos, estão apresentando alta nas ações do minério de ferro e cobre. No Brasil, produtos como minério de ferro, carne, soja e celulose, são as principais fontes de sustentação das exportações e quem se beneficia é a economia doméstica. Com o dólar em alta, existe um crescimento mais expressivo das empresas exportadoras.
Leia também:
- IPO do Traders Club: Mesmo com bons números, analistas não recomendam a entrada; entenda
- Gustavo Almeida sobre IRB Brasil (IRBR3): ‘Tem condições de voltar para R$ 19,45’
O avanço da vacinação tem deixado o mercado otimista, porém a notícia da disseminação da variante Delta deixou os ânimos alterados, principalmente na Europa e na Ásia, pois existe um temor de que a recuperação econômica global e a demanda por energia seja prejudicada.
O sócio e gestor de commodities da Persevera, Sergio Mastrangelo, analisou o cenário: “Hoje o mercado está se recuperando, porque realmente esse aumento de casos já era um pouco esperado em relação à reabertura gradual. Na medida em que você tem grupos que estão sendo vacinados e outros não, começa a abrir a economia. Devido à maior mobilidade, começam a ter um aumento de casos”, disse Mastrangelo em entrevista exclusiva à BM&C News.
“Mas, a expectativa é que esses aumentos de casos não vão resultar em aumentos de mortes e internações. Então, a grande questão da demanda, tem a ver com essa volta de mobilidade”, explicou.
Devido ao lockdown causado pela pandemia de Covid-19, a demanda por produtos e serviços sofreu fortemente um impacto negativo. No entanto, com o avanço da vacinação, houve uma recuperação dos padrões de consumo que voltaram favorecendo, principalmente as commodities. Como consequência disso, os preços voltaram a subir e empresas de petróleo, mineradoras e agricultores lutam para igualar a oferta, desencadeando uma alta que dura um período maior do que o esperado.
Acordo da Opep e o petróleo
Após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados anunciarem um acordo para aumentar a produção de petróleo até 2022, as ações do setor sofreram queda.
No acordo, ficou acertado um acréscimo de 400 mil barris por dia a cada mês, a começar por agosto e segue até que seja retomada toda a produção interrompida no ano passado.
Mastrangelo não considera esse acréscimo muito expressivo:“O aumento é importante, mas não é um aumento altista. O que realmente mexeu com o mercado, o que causou uma preocupação muito grande, foi com relação à demanda”, avaliou Mastrangelo.
“Hoje o mercado de petróleo não é só uma questão de crescimento, que sempre é um grande driver de demanda para o petróleo, é uma questão de mobilidade.Essa mobilidade foi colocada em xeque no início da semana e fez todo esse movimento”, completou o sócio e gestor da Persevera.
“Olhando em um aspecto mais amplo, a questão da produção de petróleo, teve anos de pouco investimento e isso de certa forma foi agravado durante a pandemia.Tem questões ambientais também, que travam os investimentos em exploração e produção de petróleo, que colocam realmente a oferta em uma certa restrição e se tem pouca capacidade ociosa. Para gente pensar, hoje, o petróleo vai ter um aumento de produção mesmo a uma volta à normalidade”,.
Confira a entrevista na íntegra:
Investimentos em commodities ainda é um bom negócio?
Em meio a um possível superciclo de commodities, muitos investidores ainda negociam ações do setor. Sergio Mastrangelo falou sobre o cenário: “A gente tem posições no mercado de renda variável e é importante para qualquer investidor, que se ele quer, por exemplo, ter uma posição em uma empresa de petróleo, precisa ter também uma visão do que deve acontecer com o preço do petróleo”, disse.
“Mas também tem outras nuances que as empresas têm: endividamento, capacidade de investimento que é uma análise que tem que ser feita mais na pegada de renda variável”, explicou.
Mastrangelo explicou ainda que o consumo por alimento, gasolina não é negociável e, como consequência, estimula a demanda e o acompanhamento do preço. “Commodities é muito a curto prazo”, avaliou.
“Ela responde também a algumas mudanças macro, como é o caso de países que são produtores, países consumidores, e a questão do câmbio também. Então, a verdade é que para quem olha commodities é sempre importante ver o dólar”, ressaltou o especialista. “O dólar é o grande árbitro desse mercado”, concluiu.
Confira a entrevista na íntegra: