
A marca chinesa Xiaomi ultrapassou a americana Apple e assumiu a vice-liderança no fornecimento mundial de smartphones. De acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira (16) pela consultoria Canalys, a Xiaomi encerrou o segundo trimestre com participação de mercado de 17%, enquanto sua rival ficou com 14%.
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“Xiaomi veio tomando o mercado especialmente para quem usa android”, analisa William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, em entrevista à BM&C News.
Atrás da Apple estão as chinesas Oppo e Vivo, com 10% cada. A marca sul-coreana Samsung se mantém no topo do ranking com uma fatia de 19% dos aparelhos mais comercializados. Os dados referem-se ao período entre abril e junho de 2021.
No início do ano, Xiaomi viu suas vendas subirem 83% nas entregas para outros países. Na América Latina, esse crescimento foi de 300%, seguidos de 150% na África e 50% na Europa Ocidental.
Após a divulgação do levantamento, as ações da marca chinesa subiram 4% na Bolsa de Hong Kong.
O estrategista-chefe da Avenue destaca as ações da Microsoft, que subiram 9%, e Amazon, 7%, e vê com bons olhos o crescimento para o setor de tecnologia: “Sai um pouco de petróleo, de bancos que já tinham performado bem no ano e começam a voltar para a tecnologia”.
O gerente de pesquisa da Canalys, Ben Stanton, explica que o principal motivo do destaque da marca chinesa é o rápido crescimento de negócios no exterior e o preço de seus produtos. Stanton afirma que o valor de venda dos smartphones da marca é 40% a 75% mais barato do que o das concorrentes Samsung e Apple.
“Uma das principais prioridades da Xiaomi nesse ano é aumentar as vendas de seus dispositivos top de linha, como o Mi 11 Ultra. Mas será uma batalha difícil, com Oppo e Vivo compartilhando o mesmo objetivo, e ambos dispostos a gastar muito em marketing acima da linha para construir suas marcas, de uma forma que a Xiaomi não está preparada”, afirma o gerente e diz que Xiaomi tem como alvo ultrapassar a Samsung e tornar-se o maior fornecedor de celulares do mundo.
Outro motivo da expansão da Xiaomi é a perda de fôlego da Huawei. Desde que foi considerada um risco à segurança dos Estados Unidos, a marca foi alvo de sanções impostas pelo governo de Donald Trump e vem sofrendo com problemas de suprimentos de chips.
Com isso, a Huawei faz parte da lista de “empresas proibidas” do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. A chinesa Xiaomi foi removida em maio deste ano, o que permite negociações nos Estados Unidos e faz com que a empresa tenha espaço para crescer mundialmente.
William Castro Alves diz que é um bom negócio investir nas empresas chinesas que vem crescendo com produtos que acabam se difundindo mundialmente. Mas, em contrapartida, existe sempre um receio de que as autoridades do Mercado Reguladores possam interferir e atrapalhar a expansão dos negócios.
Ben Stanton relembra que as marcas Apple e Samsung costumam assumir um comportamento mais discreto no segundo trimestre para se preparar para lançamentos nos meses seguintes. Isso faz com que a briga entre as líderes do setor fique mais acirrada.
Com isso, o estrategista avalia que diante de cenário com boas vendas e linha de serviços interessantes ainda há espaço para a Apple expandir seu crescimento.
Confira a entrevista na íntegra: