
Nascido na cidade de São Paulo e principal nome do segmento fitness no país, Edgard Corona, 63, é fundador e CEO da Bio Ritmo, uma das principais empresas do segmento de atividade esportiva do Brasil e em outros países da América Latina. Corona também é conhecido por ser um dos precursores no processo de gestão em negócios voltados para prática esportiva.
Edgard fundou a rede Bio Ritmo em 1996, em Santo Amaro, bairro da zona sul da capital paulista, com uma única unidade e sem conhecer nada do setor. Desde então, é o CEO e principal nome do grupo.
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Edgard Corona é formado em engenharia química pela Faap, mas foi após problemas na usina de açúcar e álcool do avô que decidiu correr atrás de um sonho antigo: fundar uma academia de natação. Ao longo dos anos, a unidade se expandiu até conseguir oferecer serviços completos de uma academia, garantindo espaço para a expansão do grupo.
Mesmo com a conquista, foi com a versão low cost do negócio, a Smart Fit, inaugurada em 2009, que o empresário acabou fazendo um sucesso ainda maior, atingindo mais de 360 unidades pela América Latina e se tornando a maior rede de academia da região.
A BM&C separou alguns pontos da trajetória do mais novo membro do clube dos bilionários brasileiros após estrear na Bolsa.
Início na Indústria
Edgard herdou uma usina de cana quase falida em meados dos anos de 1990. Foi então que ele empregou técnicas de gestão empresarial, melhorou a saúde da companhia e a transformou na 13ª maior produtora no país. Mas, no meio do caminho, um problema societário o afastou da companhia. Era o fim da carreira como usineiro.
No entanto, ele não se abateu com os problemas ocorridos na empreitada anterior. Corona olhou com carinho para a pequena academia que pertencia a família e altamente conectado com o seu maior hobby: a natação. Seu objetivo era tentar transformar a academia em um grande negócio.
Ele ouviu especialistas em negócios, que sugeriram academia com piscina, espaços com circuitos de treino. Em uma ida aos EUA, ele foi apresentado a um consultor que sugeriu uma solução chamada metanoia. Após consultar diversos especialistas de mercado, o empreendedor descobriu o significado de metanoia e a sua relação com uma mudança no perfil de liderança corporativa.
Em outras palavras, trata-se de uma gestão hierárquica cuja ideia é estimular o processo participativo de todos os funcionários, buscando assim resultados mais expressivos. Ouvir mesmo o seu funcionário seria a chave do negócio. E mais uma vez ele testou a ideia.
Em paralelo a essa iniciativa, ele absorveu informações sobre o seu negócio. Em 2003, ele foi para os EUA para um congresso de academias (um mercado gigantesco) e ouviu os mais diferentes depoimentos sobre o setor. Um deles dizia que uma das preocupações das academias americanas seria o possível avanço de grandes players sobre os pequenos negócios.
No fim, todo esse aprendizado, em maior ou menor grau, foi importante para a criação do esqueleto que daria origem a Smart Fit. Surgia ali um modelo de democrático de academia, padronizando ao máximo o estilo das academias. Seriam locais com dois ou três layouts de padrões e que com uma iluminação cenográfica quase motivacional.
Mais do que isso, patrão e empregado poderiam usufruir do mesmo espaço por causa do valor bem ajeitado aos diversos bolsos (R$49).
E foi assim que surgiu a rede. Aos poucos, ele trabalha ofertas de produtos acessíveis e até uma linha de roupas própria a um custo aderente ao orçamento. Mas Corona não parou por aí.
Hoje, a “Smart” remodelou a forma como as pessoas fazem exercícios no país, pressionando inclusive, todo o mercado a mudar. Com tecnologia, um modelo infalível de escala (recorrente) e um serviço adequado, é um dos maiores cases da Economia da Recorrência.
Fortuna dispara em estreia na Bolsa
Na última terça-feira (14), as ações da rede de academias Smart Fit (SMFT3) subiram 34,78% em estreia na B3 (Bolsa de Valores), fechando o dia negociadas a R$ 31,00, após um IPO que movimentou R$ 2,3 bilhões. Os ganhos de hoje elevam a fortuna de Edgard Corona, para cerca de R$ 1,6 bilhão, segundo levantamento da Forbes.
Considerando outros membros de sua família com ações do negócio, o clã Corona tem uma fatia que vale R$ 2 bilhões.
Corona não está vendendo nenhuma ação no IPO, mas a participação de sua família no negócio será diluída com a emissão de novos papéis. Hoje, os Corona têm 18,5% da SmartFit; depois da oferta, poderão ver essa fatia cair para até 14,85%, caso um lote suplementar de R$ 345 milhões em ações seja vendido no negócio.
O IPO faz parte dos planos da Smart Fit desde dezembro de 2018, quando a companhia demonstrou intenção de se listar no Novo Mercado, segmento com as regras mais rígidas de governança corporativa da B3. No mesmo ano, a empresa desistiu da oferta para esperar por um valuation melhor no futuro.
Os bilhões arrecadados nesta semana com a oferta devem ser utilizados para financiar seu crescimento orgânico e em aquisições, de acordo com documento enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Em entrevista exclusiva à BM&C, Mario Goulart, analista da O2 Research, comenta cenário para a Smart Fit. Goulart falou de prejuízo que empresa sofreu e perspectiva para os próximos meses. Acompanhe:
Polêmicas
Apoiador do governo Bolsonaro, o dono da SmartFit está entre os empresários investigados no inquérito que apura fake news e ameaças contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito, Edgard Corona teve o sigilo bancário e fiscal quebrado, além de ter sido alvo de busca e apreensão na operação. Sua conta no Twitter foi suspensa pela rede social.
De acordo com as investigações, Corona pediu ao grupo de empresários no WhatsApp financiamento para impulsionar mensagens contra o Legislativo. No grupo “Brasil 200 Empresarial”, Edgard escreveu que “Temos de impulsionar estes vídeos. Precisamos de dinheiro para investir em mkt”, depois de compartilhar pelo menos quatro mensagens contra o então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM). O print foi apresentado pelo ministro Alexandre de Moraes na decisão que deflagrou a operação.