
O negócio, noticiado por vários veículos de imprensa britânicos e norte-americanos, foi confirmado ontem (5) à CNBC pela empresa, e está a gerar controvérsia no Reino Unido, por implicar a aquisição de tecnologia de ponta por uma empresa de propriedade chinesa, num momento em que há uma escassez global de ‘chips’, críticos a diversas indústrias, e que pode durar até 2023.
A Nexperia, é uma empresa holandesa de chips e pertence à chinesa Wingtech. E a Newport Wafer Fab é a maior produtora de chips do Reino Unido. A confirmação sobre o negócio foi divulgada ontem (5). A companhia, que se tornou a segunda maior acionista da NewportWF em 2019, disse que a aquisição a ajudará a fabricar mais chips e atender à crescente demanda.
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Achim Kempe, diretor de operações da Nexperia, disse em comunicado que a Newport “tem uma equipa operacional muito qualificada e um papel crucial a desempenhar para garantir a continuidade das operações”.
Duas fontes disseram à CNBC que a aquisição deverá ser feita por cerca de £ 63 milhões (€ 101 milhões).
Tom Tugendhat, líder do Grupo de Pesquisa da China do governo do Reino Unido e presidente do Comissão de Relações Exteriores, manifestou à CNBC surpresa com o fato de a compra não estar a ser analisada de acordo com a Lei de Segurança e Investimento Nacional, que foi introduzida em abril.
A escassez de semicondutores no mundo tem prejudicado toda uma cadeia de suprimentos que está afetando vários setores como a fabricação de veículos, área de tecnologia, telecomunicações, e tantos outros.
“Por ter mantido contato com parceiros nos Estados Unidos e em todo o mundo, sei que não estou sozinho”, disse Tugendhat.
“O setor da indústria de semicondutores enquadra-se no escopo da legislação, cujo objetivo é proteger as empresas de tecnologia do país de aquisições estrangeiras quando houver um risco material para a segurança económica e nacional”, referiu ainda.
Tugendhat adiantou que, ao subscrever o comunicado da última reunião do G7, o Reino Unido comprometeu-se a tomar medidas para construir resiliência económica em cadeias de abastecimento globais críticas, como semicondutores, e o negócio “parece ser uma reversão imediata e pública desse compromisso”.
O regulador de concorrência do Reino Unido anunciou em janeiro uma investigação sobre a oferta de USD 40 mil milhões pela Nvidia para compra da Arm, com sede em Cambridge, cujos modelos de ‘chips’ são usados por fabricantes em todo o mundo.
Mercado de Semicondutores sob a mira dos governos
As investigações durante negociações de aquisição no segmento de semicondutores é frequente e comum, dada a relevância a cadeia produtiva global. O regulador de concorrência do Reino Unido anunciou, em janeiro, uma investigação sobre a oferta de US $ 40 bilhões da Nvidia pela Arm, com sede em Cambridge.
No início deste mês, a Coreia do Sul também pediu revisão depois que a Wise Road Capital, com sede em Pequim, fechou um acordo para comprar a MagnaChip.
O Departamento do Tesouro dos EUA solicitou que as partes envolvidas na transação registrassem uma notificação junto ao Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos.
Em março, o governo italiano impediu a empresa chinesa Shenzhen Investment Holdings de adquirir o controle da LPE, uma empresa de semicondutores com sede em Milão, argumentado que é um setor de “importância estratégica”.
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